quinta-feira, 24 de maio de 2007

Bichinho feio e mau

Pois é.É mesmo assim que te vejo, seu bichinho feio e mau. Levas-te a Claúdia e tantas outras. Mas estás a perder qualidades. Já não consegues o mesmo feito de há um tempo atrás. Mesmo a Cláudia antes de ir embora deu-te cada tareia que deves ter ficado todo moca, mais do que nos deixas a nós. Mas não julgues que ganhas. Ganhas a algumas, porque as apanhas distraídas. Mas já não ganhas ás que gostarias, porque cada vez somos mais e muito mais fortes para te vencer. Acredito que um dia destes vais deixar de existir. Até lá, vamos lutando com força e juntamos a força de quem partiu e nos deu força. Falo em especial da Cláudia, que não conheci mas foi como se tivesse conhecido e lamento profundamente a partida precoce que teve, depois de tanta luta e esperança. Força para todas as mulheres que neste momento, assim como eu, se debatem contra este bichinho feio e mau.

Beijinho a todas

5 comentários:

Nela disse...

Aida,
Quando andavas a sofrer os primeiros impactos da doença, estava eu a "comemorar" um ano de descoberta do "caroço", nestes termos:

"Celebrem comigo!

Faz hoje um ano que encontrei um nódulo na mama esquerda. Tal como escrevi num dos primeiros artigos deste blog, “No SPA da Carla. Sim. Foi no SPA da Carla que tudo começou. Dia 8 de Outubro de 2005, sábado. Preparei-me para a massagem que era a minha recompensa pela semana de trabalho, de horários, de noites curtas, de alguns projectos adiados. Saltei para a marquesa e senti uma impressão/dor no peito esquerdo (ainda não estava habituada a chamar-lhe mama…). Fui com os dedos precisamente ao sítio.”

Ontem, voltei ao SPA da Carla. Usufruí da sua massagem como agora sei usufruir de tudo o que a vida me dá. Consegui reviver aquele instante, e coloquei-me na mesma posição em que estava quando, há um ano, descobri o nódulo. Agora não há um nódulo, agora há uma cicatriz, agora há uma pele ainda queimada da radioterapia, mas não há nódulo. Há força e há confiança.

Às vezes, ainda sinto um murro no estômago quando o medo me lembra que uma recidiva é possível e até provável. E não adianta fingir que não há medo. Há. Mas a maior parte dos meus dias é vivida longe do medo. Cada vez passo mais tempo sem estar angustiada com o que pode acontecer, com o resultado dos próximos exames, ou com a possibilidade de isto não ser uma cura, mas só um intervalo.

Celebrem comigo! Passou um ano. Não sei se irão passar dois ou dez ou mais. Mais importante do que acumular dias é mesmo celebrá-los…"

Daqui por pouco tempo, estarás a celebrar um ano e dois e mais. Com medo, com insegurança, com esperança e com coragem.

Nela disse...

Esqueci-me de dizer uma coisa no comentário anterior: És bonita! Assim, como estás na fotografia, sem cabelo, mas com um sorriso sereno.

Anônimo disse...

Ola Aida, segui-te através do blogue da Manuela, e li tudo o que escreveste desde o inicio e todos os medos, as duvidas, o nao querer magoar quem esta perto.Compreendo tudo o que sentes, acho que todas nós sentimos de modo identico.Mas tambem em todas nós, nasce uma alma guerreira...nem se sabe como. É a lei da sobrevivencia...para darmos a volta por cima. E damos porque a ciencia ajuda a fé. Vamos conseguir! beijinhos.Retratoiluminado.

Aida guimarães disse...

Olá ás duas. Obrigada por terem lido os meus desabafos. Li mais ou menos á 2 dias o festejo da Manuela, quando andava a bisbilhotar os comentários mais antigos e foi quando percebi que tinhas estado no mesmo barco e com o mesmo tipo de bichinho. E com a Isa, foi há muito ou pouco tempo?

Anônimo disse...

Ola Aida, comigo apareceu à um ano atrás, ja acabei os tratamentos, e vou fazer a primeira "revisão" agora em Junho. Gostava que fosses ao meu blogue la esta o meu diario desde que me apareceu a maldita doença. Vai lá amiga vai. Beijinhos, e que sejas uma grande guerreira...vais ser tenho a certeza. Retratoiluminado.O blogue é retratoiluminado.blogspot.com