Molécula promissora contra o cancro
Uma pequena molécula, pouco dispendiosa e pouco tóxica, poderá proximamente ser utilizada no tratamento de várias formas de cancro, afirmaram investigadores canadianos, informa a agência Lusa.
A investigação, conduzida por Evangelos Michelakis, da Universidade de Alberta, no Canadá, demonstrou que esta molécula, dichloroacetato (DCA), pode provocar uma regressão de vários cancros, nomeadamente do pulmão, da mama e tumores cerebrais, especifica a universidade em comunicado.
Os resultados, por enquanto preliminares, do trabalho de Evangelos Michelakis e colegas, foram publicados terça-feira na revista médica «Câncer Cell».
O DCA parece reparar os danos causados pelo cancro nas mitocôndrias, as unidades no seio das células que convertem os nutrientes em energia, e a sua utilização teve como consequência uma «redução de tumores cancerosos tanto em testes laboratoriais como em animais».
As células cancerosas suprimem as suas mitocôndrias, o que lhes dá vantagem sobre as outras células.
Como as mitocôndrias controlam a morte das células, este fenómeno impede as células cancerosas de morrer.
Contudo, segundo o investigador, o DCA permite reverter este fenómeno e reprogramar as células cancerosas para que se tornem mortais.
«O DCA vai restaurar a função mitocondrial induzindo a morte da célula afectada», explicou Sébastien Bonnet, um dos investigadores da equipa.
Por outro lado, o «DCA não tem nenhum efeito sobre as células sãs, enquanto que actualmente os medicamentos não são capazes de distinguir entre uma célula cancerosa e uma célula sã», acrescentou.
O interesse do DCA é que esta substância «poderá permitir o tratamento de diferentes formas de cancro, uma vez que todas elas suprimem a função mitocondrial», sublinhou Michelakis.
Além disso, trata-se de uma molécula facilmente absorvível pelo organismo, por via oral, e «relativamente não-tóxica», que pode ser testada imediatamente em doentes cancerosos, acrescentou.
«Estas investigações preliminares são encorajadoras e trazem esperança a todos os que sofrem de cancro», afirmou Philip Branton, director científico para a área do cancro, dos Institutos de Investigação em Saúde, do Canadá, que financiaram este estudo.