quinta-feira, 31 de maio de 2007

Equipa anuncia novas esperanças contra cancro

Uma equipa de cientistas portugueses e britânicos descobriu uma alteração genética numa forma agressiva de cancro da mama que poderá abrir caminho a um tratamento mais eficaz da doença.
A descoberta consta de um estudo que será publicado na próxima semana pela revista britânica Oncogene, disse ontem à agência Lusa um dos seus autores, o Prof. Fernando Schmitt, do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP).
Os cientistas detectaram uma alteração no gene supressor tumoral BRCA1, encontrada frequentemente em algumas formas de cancro hereditário da mama, numa forma não hereditária da doença conhecida por “carcinomas do tipo basal”.
O estudo mostra que o BRCA1 é “desligado” em alguns cancros mamários do tipo basal, o que os torna semelhantes aos cancros hereditários relativamente aos seus mecanismos celulares de proliferação e de ausência de reparação de erros do ADN” - explicou o investigador.
Cerca de 10 a 15% das cerca de 4.500 mulheres diagnosticadas anualmente em Portugal com cancro da mama têm esses carcinomas de tipo basal, muitas vezes associados a maus prognósticos e com grandes probabilidades de se disseminarem para os pulmões e cérebro.Como estes tumores não apresentam receptores de estrogénio, não respondendo por isso à terapêutica hormonal (Tamoxifeno) ou ao Herceptin, “esta descoberta é fundamental para o desenvolvimento de novas formas de os tratar” - refere o estudo.
“O cancro da mama não é uma única, mas sim diferentes doenças, sendo cerca de 5% delas causadas por mutação no BRCA1 e hereditárias”, disse Fernando Schmitt, que lidera a investigação sobre esta patologia no IPATIMUP. “Nós descobrimos que o gene BRCA1 pode também estar implicado em alguns tipos não hereditários de cancro da mama” - sublinhou.
Existem actualmente novos medicamentos específicos para formas hereditárias de cancro da mama causadas por falhas nos genes BRCA1 e BRCA2, sendo que estes fármacos matam selectivamente células tumorais deficientes no gene e afectam pouco as células normais.Segundo este professor de Patologia na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, o estudo “abre a possibilidade de que estas novas classes de drogas, específicas para mulheres com cancro da mama hereditário, possam também ser apropriadas para algumas mulheres com carcinomas da mama do tipo basal”.A potencial vantagem destas drogas é que poderão ser mais eficazes e menos tóxicas do que os tratamentos gerais actualmente utilizados - assinalou.Neste estudo, cuja parte laboratorial decorreu durante dois anos e incidiu sobre amostras retrospectivas de vários países, mas na sua maioria de Portugal, trabalharam investigadores do IPATIMUP e colegas do Breakthrough Breast Cancer Research Centre, de Londres.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Descobertos genes que potenciam cancro da mama

Uma equipa internacional de cientistas, identificou quatro novos genes que aumentam o risco de contrair cancro da mama, o que pode ajudar a prevenir a doença e indicar melhores tratamentos, segundo um estudo publicado esta segunda-feira na revista Nature citada pela Lusa.

Os geneticistas estudaram o ADN de perto de 50 mil mulheres, metade das quais saudáveis e a outra metade com cancro da mama.

O perito Douglas Easton, da Universidade de Cambridge, um dos responsáveis pela investigação, disse esperar que o método usado para identificar estes quatro genes, sirva para descobrir «muitos mais genes do candro da mama».

A descoberta pode servir para ajudar a identificar que mulheres são mais susceptíveis a desenvolver a doença.

Até agora, os cientistas identificaram genes que equivalem a cerca de um quarto dos cancros da mama herdados, estando por desvendar centenas de genes.

A equipa de Douglas Easton, comparou os genomas de 4.400 mulheres com cancro da mama, com os de 4.300 mulheres saudáveis, tendo identificado 30 diferenças no seu ADN que podem estar relacionadas com o cancro da mama.

Estas diferenças foram então comparadas com 40 mil mulheres, metade das quais com cancro da mama. Os quatro genes identificados(FGFR2, TNRC9, MAP3K1 e LSP1) são responsáveis por quatro por cento dos cancros da mama (179 casos em 44 mil diagnosticados todos os anos no mundo).

A investigação é considerada uma das mais significativas descobertas na área desde a década de 1990, quando os cientistas identificaram dois genes raros (BRCA1 e BRCA2), que contribuem para o cancro da mama.

O cancro da mama é o tumor maligno que mais afecta as mulheres portuguesas e entre 5 a 10 por cento do total de casos são hereditários.

domingo, 27 de maio de 2007

"Bué da fixe"


Esta sensação de estar a escrever a quem não conheço, mas até acho que conheço e até chego a imaginar como são, é mesmo "bué da fixe". Agora não quero outra coisa. As dores musculares depois do tratamento até doem menos. Chego a disputar o computador com o meu filho e a" suborná-lo". Esta sensação é única. Quem descobriu isto devia ser louvado. Já conheci tão boa gente e estou a adorar. Fico horas no computador a bisbilhotar blogs e novas histórias, faço comentários em tudo que é blog. As horas passam a voar, e aqueles dias longos, em que nunca mais chega a hora do almoço para ter companhia e a hora de ir buscar o miudo á escola que nunca mais passa, já era. Passa tudo a correr. Estes desabafos estão a ser optimos. Dar e receber miminhos nesta fase é muito bom. Venham de onde vier. Não me canso de agradecer a todas(os).

Muitas beijocas

sábado, 26 de maio de 2007

Direitos específicos para doentes oncológicos

Serviço Nacional de Saúde:

Taxas moderadoras- Os doentes oncológicos estão isentos de taxa moderadora, mediante apresentação de declaração passada pelo médico de familia ou hospital do serviço nacional de Saúde (SNS), ou ainda quando conste do cartão do utente a sua situação perante o SNS(letra T).
Medicamentos- Os medicamentos do escalão A são fornecidos gratuitamente aos doentes oncológicos e o preço dos restantes medicamentos B e C são comparticipados parcialmente, desde que no cartão do utente conste a situação do doente perante SNS(letra R).
Transportes- Os doentes com credencial de transporte passada pelo Médico de Família ou Médico Hospitalar, podem ter direito ao reembolso das despesas de deslocação para consultas, exames ou tratamentos.
Ajudas Técnicas- Os doentes oncológicos com deficiência e que necessitem de próteses, cadeiras de rodas, cabeleiras ou outros meios de compensação, podem ser reembolsados das despesas efectuadas.

Segurança Social:
Subsídio por doença- O subsídio por doença destina-se a compensar a perda de remuneração do trabalho. A incapacidade por doença é comprovada pelos Serviços de Saúde através do Certificado de Incapaidade Temporária. Este certificado deve ser enviado pelo doente ao Serviço de Segurança Social de respectivo distrito.
Situação de Invalidez- Para ser atribuída uma pensão de invalidez a doentes oncológicos, é suficiente o registo de remuneração durante 36 meses. Por outro lado, estes doentes beneficiam de um regime especial de contagem de tempo de serviço para efeitos de aposentação.
Complemento por dependência- Aos doentes oncológicos com pensão de invalidez concedida ao abrigo de DL 92/2002, de 19 Maio de 2000, poderá ser atribuído um complemento por dependência.

Outros direitos:

Benefícios Fiscais- Os doentes oncológicos, com um grau de incapacidade igual ou superior a 60%, podem beneficiar de descontos no IRS. Além disso, as despesas de Saúde com a reabilitação dos doentes oncológicos, podem ser descontadas no valor dos seus rendimentos.
Habitação- Os doentes oncológicos, com um grau de incapacidade igual ou superior a 60%, podem beneficiar de condições especiais no empréstimo para a compra ou construção de casa própria ou de subsídio de renda de casa.
Contas Bancárias- Os doentes oncológicos, com um grau de incapacidade igual ou superior a 60%, ficam isentos de imposto sobre os juros das contas poupança-reforma, desde que o saldo não ultrapasse o total de €9.228,60, valor referido na legislação actual.
Aquisição de Veículos- Os doentes oncológicos, com grau de incapacidade igual ou superior a 60%, têm direito a comprar automóvel de cilindrada inferior ou igual a 1600cc a gasolina, ou 2000cc a gasóleo, com isenção de IVA e IA.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Agradecimentos

Hoje estou aqui, para agradecer a todos os que têm estado comigo. Aos amores da minha vida, que são o meu filho e o meu marido. Ambos são o meu grande suporte. Aturam as minhas lamechices, as minhas exigências, só me dão miminhos e disfarçam o sofrimento deles. Amo-os mais do que tudo na vida. Sei que existem mulheres que são abandonadas pelos maridos quando passam por estas situações, por isso sei a sorte que tenho. Á minha familia, que embora todos a sofrer, vão dando o apoio que podem,enchem-me de miminhos e presentes.Um beijinho muito diferente para o meu querido Pai, que é o que sofre mais. Agradeço aos amigos de sempre, que estão comigo e não deixam de aparecer aos fins de semana e vão telefonando.Ás minhas "assintentes" particulares, as Anitas pequenitas, que me dão apoio como médica e enfermeira. Aos meus colegas de trabalho que estão sempre presentes e sempre que podem acompanham-me aos tratamentos, consultas. Fizeram autênticas rusgas ao hospital das duas vezes que estive internada. Subornavam o porteiro!!!! Enfim, se não fosse esta gente toda, o meu espirito de luta seria bem diferente. Eu sei a sorte que tenho e gostaria que todas as mulheres que estão como eu, se sentissem felizes como me sinto, apesar de estar doente. É verdade. Podemos ser felizes mesmo doentes, e eu tenho o meu coração cheio de felicidade.

Muitos beijinhos para todas e boa sorte.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Bichinho feio e mau

Pois é.É mesmo assim que te vejo, seu bichinho feio e mau. Levas-te a Claúdia e tantas outras. Mas estás a perder qualidades. Já não consegues o mesmo feito de há um tempo atrás. Mesmo a Cláudia antes de ir embora deu-te cada tareia que deves ter ficado todo moca, mais do que nos deixas a nós. Mas não julgues que ganhas. Ganhas a algumas, porque as apanhas distraídas. Mas já não ganhas ás que gostarias, porque cada vez somos mais e muito mais fortes para te vencer. Acredito que um dia destes vais deixar de existir. Até lá, vamos lutando com força e juntamos a força de quem partiu e nos deu força. Falo em especial da Cláudia, que não conheci mas foi como se tivesse conhecido e lamento profundamente a partida precoce que teve, depois de tanta luta e esperança. Força para todas as mulheres que neste momento, assim como eu, se debatem contra este bichinho feio e mau.

Beijinho a todas

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Continuando

Tudo ía acontecendo e eu sem coragem para dizer á minha familia. Os meus amigos mais próximos sabiam. Aos poucos fui dizendo aos meus irmãos(menos a um que vive no Brazil e vai saber este ano em Agosto porque vem cá), o meu grande problema era o meu pai. Começando a fazer quimio, não dava para esconder, portanto ele tinha que saber. É a pessoa que mais tem sofrido. Também acho que quem nos rodeia é quem mais sofre. Ele acha sempre que eu estou a fingir.Ás vezes tento disfarçar, mas acho que sofro menos do que pensa. O facto de não ter cabelo também o atormenta bastante. Uma das minhas irmãs também não se conforma e no inicio teve de baixa e andou num psicólogo. Alguns dos meus sobrinhos também não gostam de me ver careca. O meu irmão mais novo que me tem ajudado bastante (todos ajudam, ele de maneira diferente),ficou aflito com a noticia e foi logo a Fátima rezar por mim. Já estou sem cabelo outra vez, mas não uso cabeleira, vou usando uns lenços ou bonés e pronto. Acabei por ser operada em 27/12/06. Fiz uma masctectomia radical modificada com esvaziamento dos ganglios linfáticos, de seguida fiz radio e estou novamente a fazer quimio. Só falta 1 ciclo de Taxol. O herceptin faço todas as semanas e vou continuar durante um ano mais ou menos. Penso que no final do Verão poderei voltar á minha vida normal. Vou acabar por aqui que estou a ficar chata. Bjs

A caminhada continua

Lá consegui dar a volta. Foi complicado para eles e para mim o internamento. Na terça-feira lá fiz a biópsia. Na quarta-feira, uma amiga médica lá conseguiu saber o resultado. Telefonou-me á noite e deu-me a notícia. Fiquei a saber que era maligno. Foi outra choradeira. Desta vez quem me deu apoio foi a vizinha da cama ao lado. A DªGraça, que chorou comigo. Ofereceu-me o crucifixo que tinha com ela para eu pedir a Deus. Foi sempre muito amorosa comigo. Entretanto, um grupo de pessoas também muito importante na minha vida (os meus queridos colegas de trabalho) íam sofrendo também com as notícias e apareciam para me dar miminhos, que era tão bom. A minha amiga médica, junto com o casal que estiveram connosco nas urgências, lá se encarregaram de dar a notícia ao meu marido da melhor maneira possível, o que não lhes foi fácil. Tive também o apoio da minha enfermeira preferida, que sempre que podia, lá aparecia ela. A pior reacção que tive, foi na sexta-feira(1/9/06), deixaram-me ir de fim de semana(porque estava sempre a reclamar que queria ir embora), quando mais uma vez, agora a minha médica preferida, disse-me que não podia ser operada para já. Tinha que fazer quimio 1º, porque o tumor era grande, se resultasse então seria operada. Fiquei assustada.

Cá estou eu outra vez

Então é assim. Faz hoje precisamente 9 meses que fiquei em casa com baixa ao fim de 19 anos de trabalho sem nunca parar. Foi muito complicado ficar com baixa, mal imaginava eu como seria prolongada. De qualquer maneira, foi no dia 25 de Agosto que ficamos a saber nas urgências de um hospital da cidade do Porto, que tinha cancro da mama. O Sr.Dr.muito "simpático" e diplomáticamente deu-nos a notícia. O meu marido entrou em pânico, eu nem sabia o que estava a sentir. Era uma sexta-feira, tinha que voltar ao hospital segunda para ser observada por uma médica da especialidade e fazer uma biópsia. Tinha os meus irmãos, o meu filho, um casal de amigos e um batalhão á espera do resultado. Senti o chão a fugir. O meu marido não se controlava e o telemóvel não parava de tocar. Como é que ía dizer áquela gente toda. Como dizer ao meu filho e ao meu pai. A minha mãe tinha falecido á 4 anos com um tumor cerebral. E tumor para eles significava morte. Tinha que ficar para segunda. Consegui embrulhar os meus irmãos e o meu pai. Depois logo se via. Os nossos amigos ficaram connosco sem dizer uma única palavra. O nosso filho olhava para nós e abraçava-nos. Passamos um fim de semana terrível. Veio segunda-feira. E depois de vários exames decidiram internar-me. Entrei em pânico. Como é que ía ver o meu filho? Como é que se diz a um pai (72 anos) que vou ficar internada por causa de um quisto? (foi o que lhe disse que tinha)

terça-feira, 22 de maio de 2007

Um pouco de quem eu sou....

Olá. Eu sou a Aida, tenho 41 anos e estou a estrear o meu primeiro Blog, com a ajuda do meu filho, que sabe mais do que eu, claro. Descobri finalmente o que é um Blog, para que serve e achei interessante criar um para mim. Tenho comentado no Blog da Manuela (prima da Claúdia, acho eu). Li a primeira vez o blog das super glamorosas em Setembro de 2006, mais ou menos no inicio desta minha batalha. Fiquei muito interessada na história da Claúdia. Fui lendo as noticias sempre que podia e sempre a torcer por ela. Neste momento não me apetece escrever mais. Amanhã volto e conto a minha caminhada. Beijinhos